A economia nas nossas mãos – Epílogo à Rede de Economia Solidária do Porto

Publicado originalmente no Jornal Mapa #19 (Fev-Abr 2018)

A acção desenrola-se à volta de uma mesa. Num arranjo sobre uma toalha florida, frascos de iogurte caseiro estão dispostos lado-a-lado com as famosas compotas da Vó Guida. Por gentileza, alguém deixou um molho de malaguetas sino-de-natal para quem quiser levar. Outro trouxe uma amostra de conserva de cogumelos pleurotus em azeite, e convida as pessoas a provarem e opinarem sobre a nova receita. Duas jovens hortaleiras e um cão acabam de chegar com cabazes de hortícolas e aromáticas fresquinhas. As marmitas estão quase prontas: só esperam ser embaladas pela mesma pessoa que espalhou jarros com mudas de alface e couve-flor pela sala. Cheira a especiarias e a pão no forno. O tom de convivialidade junta diferentes idades, sotaques, ofícios, partilhas, e encontra uma caixa-de-ressonância neste lugar.

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Playing cooperation

The rainy day that took over the grey historic center of Porto, in the other side of the window, set the perfect stage for a cozy afternoon of Commonspoly at Rosa Imunda.

Eleven people showed up to learn-by-playing this board game where no one wins or loses individually – the main goal is to cooperate and “save the commons” by avoiding the privatization of goods and services.

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Mais pimento, menos cimento!

Huerta La Vanguardia

«y en la tierra se abren surcos para sembrar algo nuevo

Silvia Tomas, Todo se mueve / Desaprendiendo lo aprendido

Visita a uma “horta indignada” de Barcelona

Por entre uma frincha nos tapumes de obra que encerram o quarteirão entre Llull e Lllacuna, no bairro de Poblenou em Barcelona, confirmamos os versos da canção da Silvia Tomas – “na terra abrem-se sulcos para semear algo novo”.

Lá está ela, La Vanguardia, a nona horta comunitária a ocupar um terreno abandonado só naquele bairro desde 2011 – ano do 15M, das acampadas e dos indignados que deram depois lugar à descentralização das assembleias para os bairros da cidade.

Enquanto espero pelo comparte deste baldio urbano que me vai mostrar a horta – e sob o sol abrasador de uma tarde de fim de junho – vou sondando o que vejo em redor.

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Primaverno

(Primaverno, Verão, no Outono hiberno)


Na primeira lua do ano o esplendor das magnólias nuas já antecipava a boa-nova que sempre lhes coube anunciar: vivem à frente do tempo, vêm para mostrar que há esperança no Inverno acabar. Já não importa saber se-quando-e-como é que ele chegou a começar.

“Primaverno”. O jasmim emancipou-se em flores temporãs ainda o Sol não alumiava os botões vermelhos que seduzem o muro. Uma subtil ameaça exala no ar, a fragância fascina os instintos dos gatos que passam em total liberdade.

No pico do Inverno, a pujança do maracujá permitiu-lhe edificar a sua própria pérgola suspensa no vazio – carregada de fruto da paixão, desprolongando a hibernação – desobrigando até as orquídeas a reprimirem a floração.

Pouco a pouco as hortas vão revelando uma língua secreta. A gramática compõe-se com sementes indecifráveis que circulam nos bolsos dos traficantes frugais. Trazem pés de aromáticas embrulhados em pacotes de papel do pasquim do momento. Jogam à dialéctica da enxertia de hastas de alecrim, discorrem sobre rebentos lexicais de erva-príncipe. Inteiras edições de jornais são fechadas com as unhas cheias de terra.

O estio passa no tempo de uma velha comer uma maçã, com rituais de rega diária e turnos de quem cuida de matar a sede ao solo. A nudez dos canteiros veste-se de alimento. Mulheres dançam e regam sem roupa, riem das notícias de alfaces que diz-se que singraram no espaço (que o desaparecimento das mais tenrinhas é fruto de um vórtice estratosférico, contrariando os rumores de intrincados labirintos escavados por doninhas-anãs). Os logradouros lembram vagamente a promessa fértil da periferia e da transgressão.

No Verão à vinha chega o pintor,

abrem-se janelas nos dentes do sorriso de quem colhe tomates.

No Outono o Sol recua em palmos de canteiro a cada dia que passa,

eu mondo, tu lavras. Ele revolve, tu lenhas. Eu rego, eu prego, ele canta.

Nós damos as mãos por cima do fogo onde os braços convergem. Assamos colheitas cansadas só pelo prazer de nos ligarmos à terra. Trocamos figuras do ano em que as hortas se multiplicaram, para regressarmos depois então ao quotidiano do pequeno quintal – eterno ponto de observação do generoso escândalo da reprodução.

Onde deixamos o fruto cair só para contemplar o que dele pode desabrochar

se catamos daninhas como quem cata piolhos à cria de quem se cuida…

se nutrimos as entranhas da terra e as estações assim se sucedem…

se em nós brota a ideia de um deslumbramento visceral…

viver em pleno a abundância frugal.

Texto produzido para o programa O SOM É A ENXADA da Rádio Manobras.

“El cambio ya viene”*: notas de uma breve passagem pelo estio catalão

«Cabe a cada um de nós apreciar em que medida – por menor que seja – podemos contribuir para a criação de máquinas revolucionárias capazes de acelerar a cristalização de um modo de organização social menos absurdo que o atual.»
Félix Guattari, Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo

«Optara conscientemente por este destino tranquilo em que a moleza nativa de todo um povo mostrava o seu engenho.»
Albert Cossery, Mandriões no Vale Fértil

Autonomia. A ideia repete-se alto e bom som, ecoa nas mais profundas masías catalãs, pulsa insolente no coração da grande cidade. Rizomas de pessoas auto-organizadas em torno de um comum transversal: soberania integral, autonomia da banca e do Estado.

Estão a trilhar os desígnios de um tempo que vem acoplando ideias de autonomia e liberdade. Usam como ferramentas a auto-gestão, a auto-organização, a democracia directa, medidas de intercâmbio, e muito poucos euros.

Formam uma rede de redes contra-poder cujas raízes já se espalham bem além da Catalunha. Em todo o território legal espanhol, existem pelo menos 200 eco-redes de economia solidária. Juntas entrelaçam milhares de pessoas numa vontade comum: ser engrenagem de um sistema de resiliência pós-capitalista. Cada grupo local – eco-rede – tem a missão de impulsionar uma economia alternativa baseada em critérios de reciprocidade, proximidade, solidariedade, confiança, cooperação, bem comum e ecologia. Só na Catalunha, as “ecoxarxes” (na língua catalã) são cerca de 40.

Somos miles de islas, hagamos archipielagos
O mote lançado pela Casa Invisível, em Málaga, concretiza também aqui a sua utopia. Fartas de não terem como subsistir, do roubo generalizado, do desgaste em lidar com as estruturas da autoridade, do isolamento, da fragmentação, do exílio e da deserção, em suma, da violência de existir em tempos de crise sistémica na periferia do Sul da Europa, resgatam a dignidade colectiva passando de indignadas a nós activos na superação da dependência do sistema capitalista. Dizem-no sem parcimónia. Mesmo que os pés ainda calquem dois mundos, distinguem muito bem a direcção para onde se projectam.

Montserrat. Lá, como cá, a viagem para o interior percorre complexos industriais decadentes e fábricas em ruínas, abandono.
Montserrat. Lá, como cá, a viagem para o interior percorre complexos industriais decadentes e fábricas em ruínas, abandono.

Em Julho de 2014 auto-organizou-se o “V Encontro de Eco-redes e Moedas Livres” na Catalunha, com o propósito de fortalecer relações entre pessoas que participam em redes de economia solidária.

Cerca de 60 membros de mais de uma dezena de eco-redes locais (cada uma com a sua moeda), vieram de diferentes comunidades, aldeias, vilas e cidades da Península Ibérica (quase todas da Catalunha), para participar em dois dias de dinâmicas que pretendiam fomentar a criação de acordos entre diferentes grupos locais.

Mapa de eco-redes presentes no quinto “encontro de eco-redes e moedas livres”.
Mapa de eco-redes presentes no quinto “encontro de eco-redes e moedas livres”.

Quem abriu as portas ao encontro foi o eco-projecto Selmellà, um restaurante fora-de-estrada reactivado nas profundezas da cordilheira pré-litoral catalã. O eco-projecto traz nova vida à Masía Can Figueres, repovoada por quatro italianos que mantêm e exploram o espaço orientado-se por princípios de permacultura e prácticas de alimentação saudável. A cozinha abre só aos fins de semana oferecendo um menú ecológico, sustentável, de qualidade, a “degustar de forma relaxada”, com uma bela vista para cerejais sulinos rematados por um pequeno bosque e imponentes rochedos.

Terraço do eco-projecto Selmellá, onde na primeira noite houve direito a pasta com pesto feito de plantas selvagens que crescem ali no monte.
Terraço do eco-projecto Selmellá, onde na primeira noite houve direito a pasta com pesto feito de plantas selvagens que crescem ali no monte.
O forno de adobe a lenha é um ex-libris do eco-projecto Selmellá.
O forno de adobe a lenha é um ex-libris do eco-projecto Selmellá.

Faz-tu-mesmo em transição:
DIY → DYT – Do-Yourself-Together

Desde o mapeamento colectivo de recursos e necessidades comuns, à realização de assembleias pragmáticas, conversas e oficinas, passando pelo mercadinho de trocas e uma noite de celebração com palco térreo improvisado aos ritmos da resistência catalã*, o programa do encontro foi feito por todos e todas e esteve desde cedo aberto a propostas de actividades (online em Titanpad.com/Trobada-Ecoxarxes-Juliol-2014).

A moeda social fez-se virtualmente presente. A inscrição era necessária, para organizar transportes e “fazer uma boa previsão das comidas e espaços comuns”. Cada participante deveria contribuir com 20 unidades monetárias, em qualquer moeda, ou com bens no mesmo valor que pudessem servir o próprio encontro (como alimentos para as refeições), ou ainda com participação nos “grupos eco-activos”, dedicados essencialmente à cozinha, às limpezas e à “acogida”.

Acogida: espaço de acolhimento e recepção para quem chega e de coordenação das actividades (uma constante nos espaços autónomos que visitei).
Acogida: espaço de acolhimento e recepção para quem chega e de coordenação das actividades (uma constante nos espaços autónomos que visitei).
Info point
Info point

Manhã radiosa de sábado para a cozinheira e directora da “Associació Menjadors Ecològics”, Nani Moré, abrir o apetite de todos os presentes com a partilha da experiência das cantinas escolares ecológicas e de proximidade na Catalunha.

O projecto transversal de formação e acompanhamento integral que Nani dirige, “Menjadors Ecològics”, serve cantinas escolares da Catalunha com refeições saudáveis e ecológicas e integra-as num projecto educativo alargado às crianças, pais e mães, educadores e produtores.

Nani Moré apresenta as cantinas ecológicas no encontro de eco-redes.
Nani Moré apresenta as cantinas ecológicas no encontro de eco-redes.

O projecto estrutura-se em torno de três eixos: produção de alimentos ecológicos; alimentação e menús escolares; educação alimentar e ambiental. Um relatório em .pdf (15 páginas) está disponível no site do projecto, e inclui pré-visualização de um mapa das cantinas que já adoptam esta práctica e filosofia (a ser lançado em Setembro de 2014).

No documentário “El Plat o la Vida” (“O prato ou a vida”, ou “a diferença entre encher barrigas e alimentar pessoas”), a própria Nani Moré expõe a situação actual do sector e aponta medidas concretas para a sua reinvenção.

A emancipação tecnológica era “cabeça de cartaz” do encontro, com a apresentação do IntegralCES, ou “Integral Community Exchange System” (Sistema Integral de Trocas Comunitárias), uma plataforma open source desenvolvida na Catalunha para a gestão de comunidades de moedas sociais.

Esteve Badia, o cérebro por trás do desenvolvimento, veio ao encontro levantar o véu à primeira versão deste sistema informático de intercâmbio que permite coordenar a rede de eco-redes, com todas as moedas que lhe estão associadas.
Esteve Badia, o cérebro por trás do desenvolvimento, veio ao encontro levantar o véu à primeira versão deste sistema informático de intercâmbio que permite coordenar a rede de eco-redes, com todas as moedas que lhe estão associadas.

O IntegralCES é um módulo de software livre, programado em Drupal, que constrói sobre a experiência de utilização do original CES (Community Exchange System, criado e mantido na África do Sul) ao longo dos últimos anos pela maioria das eco-redes espanholas.

A ser adoptada a partir de Setembro por vários grupos da Catalunha, a nova ferramenta de gestão de comunidades de troca disponibiliza uma interface melhorada, com funcionalidades à medida da realidade local, como a possibilidade de trocas “multi-recíprocas” (intercâmbio), e o envio automático de alertas por email sobre procuras e ofertas. Acima de tudo, e partindo mais uma vez da ideia de autonomia, o IntegralCES traz a liberdade de se poder instalar a plataforma em servidores próprios e alterá-la a bel-prazer (características que o CES original não tinha).

O compromisso com a transição para a autonomia integral é transversal. Isso implica que há diálogo, tolerância e entendimento construtivos entre o produtor de tomates, a cozinheira, o professor, a jornalista, o documentarista e a profeta dos microorganismos efectivos, todos os nós activos, incluindo o Esteve, engenheiro informático, que embora ainda esteja dentro do sistema capitalista (e, segundo o próprio, não seja “radical da moeda social”), guardou um tempo para fazer a sua parte na demanda da autonomia integral, no que toca a soberania digital e tecnológica, pegando na ferramenta com as próprias mãos e moldando-a à “máquina de guerra” que é a sua comunidade alargada.

A rede é feita por nós que disponibilizam bens, serviços e conhecimentos para a construção de um sistema de relações económicas que subsista à margem do capitalismo.

Cooperativa Integral Catalã é a entidade legal que liga várias destas eco-redes, reunindo já cerca de 2.000 associados. Diz-se integral porque pretende cobrir “tots els àmbits de la vida”, da educação à saúde e alimentação, um tecto para viver, trabalho, lazer, almejando “reconstruir a sociedade a partir da base, de forma integral, recuperar as relações humanas afectivas, de proximidade e baseadas na confiança”.

Rompendo com o síndrome das capelinhas – “cada pessoa uma empresa”, “cada projecto uma associação”, “cada sector uma cooperativa” – , a CIC é usada como ferramenta colectiva por nós e eco-redes que se associam para partilhar recursos (como um único NIF) e cobrir necessidades reais e básicas de outras pessoas na rede, minimizando a necessidade de se usar euros. A rede de redes pretende impulsionar um mundo em que seja possível “recuperar a dimensão ética e humana das actividades económicas, superando o individualismo e a competitividade capitalista”. Fazer-em-conjunto mecanismos de suporte que possibilitam o desenvolvimento de novas competências e habilidades que vão para além das puramente profissionais.

“Vivemos e morreremos como sóis e transformamo-nos num pó de ideias que dá forma aos sonhos.”
“Vivemos e morreremos como sóis e transformamo-nos num pó de ideias que dá forma aos sonhos.”

Voltamos ao coração da grande cidade. Bem ao lado da Sagrada Família, as instalações impecáveis de uma clínica médica insolvente transformada em “espaço aberto à revolução integral”. Três andares e terraço de “Aurea Social”, uma espécie de sede da CIC em Barcelona que fomenta “a criação e o desenvolvimento de ferramentas e recursos que facilitam a autonomia, o empoderamento(tanto a nível pessoal como colectivo) e a auto-gestão local”.

Vídeo da campanha de colectivização da Aurea Social, FEM-LO COMU (“let’s make it common!”). A iniciativa impediu que o banco ficasse com o edifício e garantiu o desenvolvimento do projecto no centro de Barcelona.

Consultórios que são salas de servidores, gabinetes de medicinas alternativas, mercearia, uma cozinha comunitária, terraço com horta produtiva e canteiros de plantas medicinais, vestiários, três andares de salinhas para crianças, danças, encontros e espaços de trabalho, biblioteca, sala de exposição.

Não falta a dita “acogida”, o “espaço de recepção e coordenação de actividades em espaços de aprendizagem colectiva”. O ponto de entrada e de convergência de informação, a cara para o mundo logo desde a montra virada para o passeio largo de grande circulação pedonal.

Montra da Aurea Social
Montra da Aurea Social
Terraço da Aurea Social, Barcelona
Terraço da Aurea Social, Barcelona

A espera pela abertura vespertina do espaço, às 16h, foi preenchida com uma dose de informativos sobre a revolução integral. Um sofá no exterior cola-se à montra no passeio; ela é face do poder de comunicação e alcance dos movimentos sociais catalães. Cartazes, flyers, convocatórias, notícias e organigramas. Pessoas param na passagem para ler sobre as últimas assembleias de bairro na cidade, tiram contactos da rede de estudos pela autonomia ou do projecto educativo LaMainada.org, marcam na agenda o próximo encontro das oficinas de transportes e de desobediência económica.

Ao lado do cartaz do canal de televisão dos movimentos sociais, La Tele (@okupenlesones), duas notícias em destaque sobre Enric Durán, publicadas no The Guardian e The Washington Post: o “Robin Hood” catalão que sacou quase 500 mil euros em dezenas de créditos à banca sem intenção de vir a repô-los, para distribui-los pelos movimentos sociais.

“Haverá melhor do que roubar os que nos roubam e repartir o dinheiro entre os grupos que o denunciam e constroem alternativas?”, explica Duran sobre a “acção individual de insubmissão à banca que [realizou] premeditadamente [em 2008] para denunciar o sistema bancário e para destinar o dinheiro a iniciativas que alertem sobre a crise sistémica que estamos a começar a viver, e que tratem de construir uma alternativa de sociedade.”

Da subversão à criação suprema, já levam bons anos de avanço na construção das bases e atingem uma maturidade rizomática “com força suficiente para sacudir e desenraizar o verbo ser”** – porque se superam no compromisso com a transformação da sociedade a partir da base. São representação do rizoma como aliança, mil planaltos de resiliência em transição para a autonomia integral. E nós, estamos à espera de quê?

«Enquanto continuarmos prisioneiros de uma concepção das relações sociais herdada do século XIX, (…) ficaremos fora da realidade, continuaremos a dar voltas nos nossos guetos, ficaremos indefinidamente na defensiva, sem conseguir apreciar o alcance de novas formas de resistência que surgem nos mais diversos campos. Trata-se portanto, de primeiramente medir em que grau estamos contaminados pelos artifícios do CMI [Capitalismo Mundial Integrado]. O primeiro destes artifícios é o sentimento de impotência que conduz a uma espécie de ‘abandonismo’ às suas ‘fatalidades’. (…) Cabe a cada um de nós apreciar em que medida – por menor que seja – podemos contribuir para a criação de máquinas revolucionárias capazes de acelerar a cristalização de um modo de organização social menos absurdo que o atual.»
Félix Guattari, Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo

* Do título, “El cambio ya viene y decido / o decido y el cambio ya viene” , obrigatório ouvir todas as músicas de Sílvia Tomás, a mais doce voz da resistência catalã. (download gratuito em silviatomas.bandcamp.com)

** Gilles Deleuze e Felix Guattari, Mil Planaltos – Capitalismo e Esquizofrenia